quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Prefeito e Governador poderiam zombar menos dos trabalhadores

Dia mundial sem carros. Muito bem. Prefeito indo trabalhar de bicicleta e Governador indo trabalhar de helicóptero para fazer marketing eleitoral. Muito mal. Não é possível que a população que more hiper distante do seu local de trabalho tenha a mesma atitude. Isso, no mínimo, é zombar com as condições de vida da maioria do povo e debochar da própria situação do transporte.

Quem mora na Zona Oeste, Zona Norte, na Baixada, etc, e trabalha no Centro ou na Zona Sul, não pode ir para o trabalho de bicicleta. Na verdade essas pessoas, na sua maioria, não podem ter super bicicletas e condições de viver a vida como o Governador e o Prefeito vivem as suas. Ops... Não podem mesmo, muito menos andar de helicóptero. Sinceramente. Quem tem ou pode pagar o aluguel desse meio de transporte individual?

E para não dizer que eu estou fazendo qualquer apologia, seja ela qual for, quero só lembrar que lutamos para que todos tenham boas condições de vida e não para que alguns deixem de ter essas boas condições. Por isso, inclusive, entre outras questões importantes, já aproveitando o ensejo, somos contrários a qualquer tipo de retirada de direitos. A vida de todos é muito importante e não só a de alguns.

Para não dizer que não falei das flores, vou lembrar das iniciativas sobre transporte público que existiram no dia de ontem. Trens, metrô, ônibus, operaram em situação menos inapropriada. Mais é isso e somente isso: menos inapropriada. Colocar o metrô, por exemplo, para operar todo o tempo como opera normalmente em horário de pico, não é o suficiente para dizer que atenderam necessidades. Para atender tais necessidades os transportes públicos, todos eles, precisariam de uma operação constante, permanente, durante 24 horas por dia, todos os dias, com qualidade e com preços menores. Mas não priorizam isso. Priorizaram arrecadar e fazer o terror atrasado do tal choque de ordem.

Essa é a lição da história. Transporte público é muito importante. Só é possível alterar uma cultura de carros particulares tomando o trânsito, calçadas e estacionamentos, com a implementação de uma rede pública de transporte articulada, organizada, permanente e com preços adequados. Isso é possível, necessário e fará bem para a vida de todos, inclusive para o ambiente inteiro. Isso sim seria um exemplo de colocar a vida acima do lucro. Mas a gestão dos dois – tanto a do governador, quanto a do prefeito – é voltada principalmente para o lucro e não principalmente para a vida.

Mas os governantes – leia-se governador e prefeito – acham melhor a propaganda do que a ação pública. Mas não é que não investem em nada. O Governador investe em uma política de segurança baseada no confronto e na repressão; uma política que é segurança para os ricos e criminalização para os pobres. O prefeito investe no choque de ordem que cria uma desordem total baseada na repressão e na criminalização. Mas os dois não investem adequadamente em serviços públicos de qualidade. O Transporte, central para o desenvolvimento do Estado e da Cidade, não possui investimento adequado. É mais uma moeda de troca que serve prioritariamente para o lucro dos empresários e não para melhorar a vida do povo. Fala sério!

3 comentários:

Paula Máiran disse...

Falou e disse! Eu por exemplo que moro em Niterói e trabalho no Rio jamais poderia circundar a Baía de Guanabara de bicicleta. E pela ponte isso nem seria permitido. Atravessar a nado a baía também nem pensar... Muito poluída e meu fôlego nunca foi dos melhores. Muito demagógica a foto do prefeito em bermudas sobre duas rodas de ponto a ponto sem sair da zona dita nobre da cidade...

Unknown disse...

Concordando contigo, mas agregando problemas de quem, como eu, vivo na "parte mais nobre da cidade", ainda que na sua pontinha limítrofe. E mais, que ando de bicicleta regularmente. Provavelmente não fotografaram as motos na frente e a motos que iam atrás do bonitinho, pois não há ciclovia pelo Jardim Botânico, caminho que ele deveria ter feito para chegar a prefeitura. EM verdade, praticamente não há cilovias na cidade e a gente fica completamente exposto às loucuras dos homens e mulheres possuídos pelas suas máquinas maravilhosas: nem vale listar o que são capazes de fazer. Também não há bicicletários junto ao metrô (só conheço na estação cantagalo), ou em outras áreas de nossa cidade partida, que não sejam os pontos turisticos e possíveis de serem usados eleitoralmente - praia e lagoa. Vamos falar sério: bicicleta é tudo de bom - rápido, saudável, barato e não poluente - e seu uso deve ser incentivado pela prefeitura, pelo Estado e por todos que acham que o ser humano novo não será construído apenas no futuro. Mas com planejamento e política pública e não como hipocrisia eleitoreira.

Marielle Franco disse...

Na verdade ainda temos outros pontos; a publicização da mídia durante todo o dia, divulgando uma medida ineficaz. Que não atendeu ao conjunto da cidade. E sim à arrecadação. Pois, as multas e diárias nos depósitos da prefeitura a serem pagas pelos muitos carros rebocados. Pergunto-me qual o impacto desta ação? A dita "redução" de veículos? Essa de fato não existiu, pois a Av. Brasil em seu horário do rush continuava engarrafada. E na onda do meio ambiente sustetável e da sustentabilidade os técnicos do inmetro já no dia de ontem, falavam na redução CO2 antes mesmo de esperar o resultado dos testes. Ótimas observações e matenha o blog atualizado!